reflexão

“O ser humano nasceu para ser feliz,completamente feliz.O ser humano nasceu com tudo programado para a felicidade.Você nasceu para dar certo.Esse é o grande projeto de Deus para sua vida. Esse é Seu grande segredo.”


sexta-feira, 4 de março de 2011



Carnaval, Cinzas, Quaresma e Páscoa
Texto do Padre Fernando Altemeyer Jr.
1. CARNAVAL
Carnaval : do italiano, carnevale. Também chamado de folguedo, tríduo de momo ou Folia.
Chamado de entrudo pelos portugueses, consistia em lançar sobre os participantes de blocos carnavalescos água, farinha, tinta, etc. Adquiriu entre nós, os brasileiros, a idéia de momento de devassidão e da liberação da sexualidade reprimida durante o ano. Muitos pensam que é o tempo que precede a cólera de Deus e por isso se apressam em fazer tudo que gostariam antes de aplacar sua ira divina com as cinzas do dia seguinte. Alguns procuram ligar estas festas populares às antigas bacanais greco-romanas, também conhecidas como festas dionisíacas.
    Acontece em todo o país, nas diversas formas populares, desde o frevo até o Carnaval oficial televisivo da Marques de Sapucaí no Rio de Janeiro. Na Bahia, a ligação com o mundo afro e com a força negra ocupa as ruas especialmente na Praça Castro Alves ao redor de enormes e potentes trios elétricos. Alguns blocos como o dos Filhos de Gandhi, já existem há mais de 50 anos. As marchas carnavalescas movimentam escolas de samba e passistas em todo o país, de modo especial no Rio de Janeiro, há mais de cem anos.
Diz Frei Betto : "Carnaval significa "festa da carne" e era, em seus primórdios, uma festa religiosa.  Às vésperas da Quaresma, diante da perspectiva de passar quarenta dias em abstinência de carne, os cristãos fartavam-se de assados e frituras entre o domingo e a "terça-feira gorda". Na quarta, revestiam-se de cinzas, evocando que do pó viemos e para o pó retornaremos, e ingressavam no período em que a Igreja celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A Quarta-feira de Cinzas instiga-nos a refletir sobre esta experiência inelutável: a morte."
2. CINZAS
Cinzas: são símbolo de penitência, de luto e da finitude da matéria passada pela prova de fogo.
Representam simultaneamente o pecado e a fragilidade humana (livro da Sabedoria 15,10; profeta Ezequiel 28,18; profeta Malaquias 3,21). Se cobrir de cinzas é sinal público de arrependimento e forma concreta de colocar-se à prova. É manifestação pública da consciência do pecado e sua abjuração (Judite 4, 11-15; Ezequiel 27, 30), na esperança do perdão misericordioso de Deus.
Nos primeiros séculos do cristianismo os membros da Igreja que tivessem cometido pecados gravíssimos, motivo de grande escândalo, estavam sujeitos à uma penitência pública, que podia durar semanas ou mesmo anos, segundo a gravidade da culpa. Vinham estes descalços até a Catedral, no primeiro dia da quaresma. O bispo da cidade depois de exortá-los ao arrependimento dos pecados, os cobria com um cilício, pequena túnica com cinto ou cordão, de material áspero ou grosseiro, trazido diretamente sobre a pele e atirava-lhes uma porção de cinzas na cabeça dizendo ao mesmo tempo: "Lembra-te, ó humano, que és pó e que a pó serás reduzido." Eram jogados então fora da Igreja e não podiam mais entrar nesta enquanto não fosse cumprida a sua penitência.
No século XI, quiseram padres e leigos seguir esta prática de humilhação e penitência, reservada outrora aos pecadores públicos e notórios, e assim no Ocidente a partir do século XII o costume expandiu-se em todas as Igrejas quando os fiéis na Quarta-feira antes da Quadragésima iam receber cinzas em suas frontes.
Hoje a fórmula permanece a mesma : "Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar.(Gênesis 3,19)", ou diz-se o texto do Evangelho de Jesus segundo Marcos 1,15: "Convertei-vos e crede no Evangelho".
"Na Quarta-feira anterior ao primeiro Domingo da Quaresma, os cristãos, recebendo as cinzas, entram no tempo estabelecido para que suas vidas se purifiquem. Este sinal de penitência, que vêm da tradição bíblica e que o costume da Igreja conservou até hoje, manifesta a condição da humanidade pecadora, que confessa exteriormente sua falta diante do Senhor e exprime assim a vontade de uma conversão interior, conduzida pela esperança que o Senhor será para nós pleno de ternura. Este sinal marca o começo do caminho de conversão, que atingirá sua meta pela celebração do sacramento da Penitência nos dias que precedem a Páscoa." (Congregação para o culto divino, 18 de janeiro de 1988).
3. QUARESMA
Quaresma: Dos quarenta dias que precedem a festa maior dos cristãos, a Páscoa.
Até o século VII, a quaresma começava no Domingo da Quadragésima (quadragesima dies, o quadragésimo dia - que na realidade era o quadragésimo segundo dia - antes da Páscoa. Tendo em conta os domingos, durante os quais o jejum era interrompido, o número de dias até a Páscoa efetivamente era inferior a quarenta, e para continuar fiel ao simbolismo do número 40 (quarenta anos no deserto, 40 dias de jejum de Cristo) antecipou-se o começo da quaresma para a Quarta-feira precedente ao Domingo da Quadragésima : dia das Cinzas.
Na Igreja primitiva era a última etapa da preparação do batismo para os catecúmenos, que seria administrado na noite de Páscoa. Nestes quarenta dias a Igreja incentiva a prática do jejum, da solidariedade com os pobres (chamada antigamente de esmola) e da oração. É como que um tempo especial de Retiro espiritual. É tempo de voltar para Deus, de reaquecer a fé e de mudança de vida e superação das atitudes patológicas. Muitos ainda hoje se abstêm das carnes vermelhas, mas olvidam-se dos pobres, agindo de forma hipócrita e medíocre. Já lembrava S. Leão Magno : "é inútil tirar ao corpo a comida, se não tira d'alma o pecado." A intuição central da Quaresma é a mudança de atitudes e práticas favorecendo a solidariedade e a fraternidade. Neste ano de 1999, este tempo religioso será para os católicos do dia 17 de Fevereiro até o dia 4 de abril.
4. SEMANA SANTA
Semana Santa: a grande semana litúrgica do calendário cristão.
As festividades judaicas do Pesah irão do 1º ao dia 8 de abril deste ano. As festidades no mundo católico começam no domingo 28 de março até o domingo 04 de abril. A semana que precede a Páscoa cristã é dita Santa, por apresentar a preparação mais próxima do evento maior do cristianismo durante o ano religioso. 
Começa com o Domingo de Ramos, quando se benzem ramos de oliveira ou ramos de palmeiras, e se lê o texto evangélico da entrada solene de Jesus em Jerusalém. Este ramo bento colocado em uma cruz em cada lar ou sobre alguma tumba no cemitério, quer simbolizar a força da vida e a esperança da ressurreição. A Igreja neste dia convida os fiéis a contemplar os padecimentos do Cristo em seu caminho para o calvário.
Na Quinta-feira santa se celebra a Ceia do Senhor, ou seja, a instituição da missa com a tradicional cerimônia do Lava-pés. Há ao final da missa a cerimônia da adoração do Santíssimo Sacramento, com o tradicional canto em latim Tantum Ergo, ou Pange Língua.
Na Sexta-feira Santa ou na boca do povo, Sexta-feira Maior, não se celebra missa ou qualquer sacramento. É dia de silêncio, recolhimento e de comungar as hóstias consagradas noite da Quinta-feira. Lê-se o relato da paixão e faz-se as procissões da Via-Sacra ou Caminho da Cruz, com suas quinze estações. Faz-se também as grandes preces da Igreja pelo mundo, a adoração da cruz, que nasceu em Jerusalém e foi absorvida em Roma no século VII, e ao final da cerimônia oferece-se a comunhão eucarística.
A última noite da Semana é a chamada Vigília Pascal, ou Sábado de Aleluia, normalmente celebrada na noite ou madrugada do Domingo de Páscoa. Esta festa é móvel e se celebra no primeiro Domingo depois da lua cheia do outono. Ao meio-dia deste sábado costuma-se "malhar o Judas", ou seja, bater e queimar um boneco de pano representando a traição de Judas Iscariotes que vendeu seu mestre aos algozes.
5. PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DE JESUS
Páscoa, do latim paschalis, deriva da palavra hebraica Pessah, passagem.
Com este nome designamos a festa judaica da saída do povo do Egito conduzido por Moisés, celebrada anualmente na primeira lua cheia depois do outono, no hemisfério sul, com a ceia pascal e o cordeiro imolado, ervas e pão ázimo.
Simboliza também a festa cristã da Ressurreição de Jesus de Nazaré no ano 30 da era cristã, celebrada cada ano durante o tríduo pascal, da Quinta-feira ao Domingo da Semana Santa, sempre no Domingo após a lua cheia depois do início do outono no hemisfério sul, com a Festa Eucarística Solene durante a chamada Vigília Pascal, com inúmeras leituras bíblicas, celebração do fogo novo, velas e Círio Pascal, água e batismo de adultos, pão consagrado na missa solene e o canto do Hino em latim "Exultet".
6. OVOS DE PÁSCOA
Tradicionalmente, ovos coloridos são oferecidos como alimento no dia de Páscoa. Alguns destes ovos são artisticamente trabalhados e pintados. De maneira particular lembramos a beleza dos ovos de Páscoa dos ucranianos e poloneses.
Ovos são símbolos da vida em germe, que está a ponto de eclodir. Tomava-se os ovos que foram postos durante a Semana Santa, especialmente os que foram botados na Sexta-feira Santa por considerá-los detentores de virtudes especiais na prevenção de febres malignas ou de pestes mortíferas.
A tradição medieval na Quaresma interditava ao povo de comer "carne vermelha, doces e ovos". Os ovos de Páscoa são portanto um símbolo festivo do final da quarentena em que ficamos de regime. Lembram simbolicamente o ovo primitivo do qual nasceu e surgiu o universo vivo. É sinônimo do Cristo que ressurge das trevas da morte como o grande vencedor do mal e da finitude mortal dos humanos.
7. CHOCOLATE
O cacau tem como nome científico, em grego, de Teobroma Cacau, que traduzido quer dizer, o néctar dos deuses, ou seja, alimento divino. Seu paladar e sua força energética sempre foram reconhecidos em toda a Europa desde sua exportação das terras latino-americanas. Ao ser mesclado com leite e tomar o formato de um ovo representou novamente a força rejuvenescedora da vida que está latente no ovo e que possui agora a energia do chocolate. O ovo de chocolate é portanto o símbolo da vida que se multiplica e alimenta nossa fragilidade.
8. COELHOS
Mamíferos da família dos leporídeos, vindos da Europa foram introduzidos em todos os continentes. Cavam tocas onde parem seus filhos em grandes ninhadas. Representam a fecundidade e a reprodução constante da vida. Vinculou-se a este animal a idéia maior da festa da Páscoa que é a vitória e a exuberância da vida. Entretanto, é uma pena que um mamífero seja confundido com um ovíparo, pois ainda hoje a natureza não fez que nenhum coelho parisse ovos, mesmo os de chocolate.
9. COLOMBA OU POMBA DE PÁSCOA
Esta guloseima, de origem italiana, está ligada ao simbolismo da pomba, que representa a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos quando Cristo ressuscita e para não nos deixar órfãos envia o Defensor dos pobres. A terceira pessoa da Santíssima Trindade é a garantia de que o amor de Deus permanece em nossa casa, em nossa vida e nossa Igreja. Daí o formato de uma pomba dado ao panetone natalino.

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